DA FOICE AO FACE
O título desta publicação é um elo que liga o instrumento utilizado pelo autor para cortar cana e palma forrageira para o gado leiteiro, nos tempo que residia na “Quixaba” – Jabitacá – Iguaracy - PE, à mídia social usada para divulgação das estrofes todos os domingos, desde 13.11.2011.
As postagens foram muito recebidas pelos amigos e os poetas Gregório Filó, Donizete Lima, Kleber Bonfim, Carlos Costa e outros registram seus versos dando à “domingueira poética” o sentido coletivo que a sustenta. Este volume contém “Quadras”, publicados de 13.11.2011 até 30.12.2012.
Tenho a teoria que em relação à poesia: “Quem critica não faz igual, quem elogia faz melhor e quem silencia curte”. Escolha seu grupo e fique certo que nosso propósito é somente divulgar uma cultura perene em nossa região. O PAJEÚ É ASSIM.
Um grande abraço,
Façamos poesias!
Juazeiro do Norte - CE - 2025
13.11.11
Hoje moro na cidade,
Não deixei de ser brejeiro,
Por isto sinto saudade
Da sombra de um juazeiro.
20.11.11
Uma banana picada,
Por passarinhos no cacho.
É doce como a cocada
De coco feita num tacho.
27.11.11
Café da classe primeira,
De um resort em Aruba.
Não serve bolo de feira,
Feito de massa de puba.
04.12.11
Um vaga-lume piscando,
Numa noite no sertão.
É mão de Deus confeitando
O bolo da escuridão.
O orvalho beija a rosa
No romper da madrugada,
Como quem diz uma glosa,
No ouvido da amada.
18.12.11
De Cristo siga a doutrina:
“Irrigue seu coração
Com a água cristalina
Da nascente do perdão”.
25.12.11
Para uma caminhada
Repleta de alegria.
Busque na bíblia sagrada,
Paz, amor, sabedoria...
01.01.12
No ano novo não queira,
Colher fruto não plantado.
Só merece a dianteira
O que não ficou parado.
No meu tempo de mancebo
Fiz quase tudo que quis.
Hoje lembrando percebo
Que na vida não há bis.
15.01.12
Em lugar justo e perfeito,
Habita a fraternidade.
A igualdade é o leito
Onde dorme a liberdade.
22.01.12
Barragem mal acabada,
Na primeira enchente arromba.
Quem tem carteira comprada
Na primeira esquina tromba.
29.01.12
Merendei manga e banana,
Quando estudante.
Época que caldo de cana,
Era meu refrigerante
No brilho do sol nascente,
Busco forças para lidar.
Na lágrima do sol poente,
Entendo o ciclo da vida.
12.02.12
Cada excesso cometido
No tempo da mocidade,
Não fará nenhum sentido
Depois da maturidade.
19.02.12
Nesta quaresma pratique.
A arte da convivência,
E toda atenção dedique
A quem lhe pedir clemência.
26.02.12
Vendo o mar ea montanha,
Lá na praia de Trindade.
Você descobre o que ganha,
Não morando na cidade.
A minha piscina foi:
Poço, barreiro e açude.
Transporte: Carro de boi,
Brinquedo: Bola de Gude.
11.03.12
Ver uma mão estendida,
Em pró de um necessitado,
É um exemplo de vida
Que deve ser copiado.
18.03.12
Da primeira namorada,
Nem mesmo a testa beijei,
Era arredia a danada,
Nem sua mão apertei.
25.03.12
Aplique a sabedoria,
E faça tudo perfeito.
Prá não perder energia,
Justificando um mal feito.
Sem temer Pilatos nem
Herodes ou os judeus,
Entrou em Jerusalém,
Jesus é o filho de Deus.
08.04.12
Saiba que a páscoa não é
Só ovo achocolatado.
É o resgate da fé,
No Cristo ressuscitado.
15.04.12
É na morte da semente,
Que nasce uma planta nova.
Prá gerar futuramente,
Outra planta, noutra cova.
22.04.12
Tamborete era o sofá,
Da casa em que eu morava.
O almoço era preá,
Com cuscuz de milho e fava.
Eu não perdi nenhum grama,
Na tal dieta que fiz.
Deixei de lado o programa,
Hoje estou gordo e feliz.
06.05.12
Comprei a minha alforria,
Com cinquenta anos de idade.
Descobri naquele dia
Quanto custa a liberdade.
13.05.12
A mãe é inigualável,
Na divisão do amor.
Que permanece imutável,
Na alegria e na dor.
20.05.12
No campinho de areia,
Que eu pequeno jogava,
Chutava a bola de meia,
Que minha mãe “fabricava”.
Renuncie às tentações,
Persevere, seja honrado.
Retire das provações,
Somente o aprendizado.
03.06.12
O bico do passarinho,
Transforma-se em maçarico.
Prá poder “soldar” o ninho
No galho duro do angico.
10.06.12
A lua amplia o brilho,
Do pendão branco da cana
E a cabocla aquece o filho,
Na frieza da choupana.
17.06.12
Fazia o creme dental
Da raspa do juazeiro
E a água mineral
Ia buscar no coqueiro.
Para fazer a fogueira,
Na véspera de São João
Já catei muita madeira
Nas caatingas do sertão.
01.07.12
Disenteria eu curava
Com raspa de catingueira.
Para dormir mãe me dava
Chá de flor de laranjeira.
08.07.12
Ronaldo da Cunha Lima
Muito obrigado por
Na faculdade da rima
Ter sido meu professor.
15.07.12
Compra de voto vicia
O processo eleitoral,
Sua prática evidencia
Abuso do capital.
Pamonha foi minha empada,
Minha pizza foi canjica.
E a soda limonada
Era açúcar e mexerica.
29.07.12
João Batista de Siqueira,
Canção: poeta exemplar.
Da cultura brasileira
Pra mim é “pedra angular”.
05.08.12
A arrogância é o pote,
Onde bebe o prepotente,
E o remorso é o dote,
Que persegue o delinquente.
12.08.12
Como estou sentindo falta
D’uma lamparina acesa.
E do meu pai, em voz alta,
“Puxando a reza” na mesa.
Não permiti que o tédio
Causava-me grande dor.
Ao descobrir que o remédio
Pra todo mal é amor.
26.08.12
Foi na magia do canto,
De um galo de campina,
Que pude descobrir quanto
A natureza é divina.
02.09.12
A massa do jatobá,
A acidez do umbu,
A maciez do juá
O pigarro do caju.
09.09.12
Com olho de goiabeira
Curava dor de barriga
Com hortelã e cidreira
Eu combatia a fadiga.
O pendão do milho seca
Com o sol do meio dia.
O cabelo da boneca
Diz se a espiga é sadia.
23.09.12
Foi meu iogurte Batavo:
Mel de engenho e coalhada.
O meu açúcar mascavo:
Foi rapadura raspada.
30.09.12
Para evitar que meus pais
Puxaram meu cobertor.
O rouxinol nos frechais
Era meu despertador.
07.10.12
Com o voto obrigatório
Não me fale em liberdade.
Isto é contraditório
Quando votar sem vontade.
Do Círio de Nazaré,
Quem participa em Belém.
Sente o sismógrafo da fé
Chegar à escala cem.
21.10.12
Seja prudente ao falar,
Receptivo ao ouvir
A justiça dê lugar
Na hora de decidir.
28.10.12
Nas estradas que andei
Enfrentei muitas ladeiras.
E nos rios que nadei
Não parei nas cachoeiras.
04.11.12
No campinho que brincava
Não era de ferro a trave.
Mas o problema eu sanava
Com corda e varas de agave.
Quando a ética é esmagada
Por pessoas sem moral
A justiça é sepultada
Sem honras no funeral.
18.11.12
Já torrei castanha em lata
De querosene amassada
E busquei imbu na mata
Prá mãe fazer umbuzada.
25.11.12
Não dê apenas migalhas
Reparta bens preciosos,
Derrube grades, muralhas,
Pise em solos pedregosos.
02.12.12
Com fojo peguei preá,
Com anzol peguei traíra,
Já atirei em guará,
No meio da macambira.
Do menestrel Gonzagão
Dia treze, aniversário.
Do litoral ao sertão
Tem baião do centenário.
16.12.12
Fujo de falsos profetas,
Com promessas impagáveis.
E só foco minhas metas
Em eventos alcançáveis.
23.12.12
Na data do nascimento
De Jesus, o Salvador.
Não esqueça o mandamento
Que fala sobre o amor.
30.12.12
Sem do medo ser refém
Tenha garra e atitude
E se quiser ir além
A rotina antiga mudou.